Quando nasci, logo puseram-me em papel;
quando morrer, me porão também.
e nós poetas que fazemos? ninguém nasce aqui, a poesia, uns dizem, é até morta
Quando nasci, logo virei algo que podia ser empoeirado, ainda mais considerando que sou pessoa natural de Santos, lugar que trás poeira fácil nos ventinhos. As traças comem minha existência, eu guardo meu ser numa pastinha amarela que quando preciso, nunca acho.
a gente só gosta é de brincar de lego com as palavras no porão
que me porão em morte e me puseram em vida abaixo do solo, escuro, defunto, cheio de blocos nos por-voltas, um túnel de metrô, um emissário submarino, cheio de lama e peixe. um manguezal.
O cidadão, ao atingir dezoito anos, torna-se útil para a sociedade.
Quando eu nasci, não era útil, não fazia nada. Quando nasci puseram-me logo em papel, pra evitar que eu fugisse ou virasse abstração.
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chora, chora, chora, pára. era só olhar o bebê que tudo o mais dissolvia. o bebê não tinha contorno e nasceu bem em cima da divisa.
aos nove anos, faminto, finalmente dignificaram-lhe um nome: jean valjean (nem precisava).
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
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6 comentários:
conheço um jean valjean aqui em santos...ia sempre no senadinho e acho que estudava no jean piaget (olha só!)
po esse mlk ai cola sempre la no damatta..eh primo do jean chera
sobre a reclusão voluntária, mal-humor adjacente do uso excessivo de medicação anti-dermatite e outras paródias da vida real, vividas nela própria.
nem teve graça.
perai perai...queeeeeeee?
qual foi das fofoca dessa vez
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