todas as ruas da vila-município
devidamente com suas placas iguais às da capital da província;
cada uma homenageando um antigo latifundiário de pequenas proporções (hoje em dia).
inclusive a rua um - por onde passam os carros meio de lado evitando o lamaçal
e no meio da quadra, há um charco mais um mato alto. todas;
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
domingo, 26 de dezembro de 2010
samba de roda
eu queria
ser dois homens num só
beber por dois, comer por dois amar por dois
e depois - na hora de pagar a conta
ter quatro pernas pra correr; e dividir o segredo com mais eu mesmo e mais ninguém, oi
eu queria
eu, mais dois
ser dois homens num só
beber por dois, comer por dois amar por dois
e depois - na hora de pagar a conta
ter quatro pernas pra correr; e dividir o segredo com mais eu mesmo e mais ninguém, oi
eu queria
eu, mais dois
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
domingo, 12 de dezembro de 2010
relato onírico
sonhei que destrinchava um porco morto pelas costas num tanque branco de louça
sonhei que ao esfaquear a coluna do porco a pele se desintegrava errada tal qual tecido e como se fosse uma areia de grãos gigantesentrava na minha boca que vazava gordura e então eu desmaiava enquanto os outros dois que cá habitam pegavam um táxi
sonhei que a chuva era torrencial e desimportante
sonhei que então desmaiava
acordei enojado
sonhei que ao esfaquear a coluna do porco a pele se desintegrava errada tal qual tecido e como se fosse uma areia de grãos gigantesentrava na minha boca que vazava gordura e então eu desmaiava enquanto os outros dois que cá habitam pegavam um táxi
sonhei que a chuva era torrencial e desimportante
sonhei que então desmaiava
acordei enojado
terça-feira, 30 de novembro de 2010
carta: ciao
eu queria chorar mas só suava frio
e eu contava o tempo nos rejuntes de calçada, barras de compasso
eu fiquei tanto tempo sem falar lábio fechado que quase esqueci a língua que eu falava
eu me perdia a todo quarteirão e as avenidas que eu passava eram todas a mesma
e eu me oferecia em cada cruzamento pros capôs de carro -
que estilhaçassem minha bacia em porrilhões de cacos;
eu queria quebrar todos os vasos e pratos
da porcelana monte sião: mas o céu ainda era azul mais claro
os ipês ainda tinham as inflorecências
e milhões de obeliscos cutucavam o céu, daonde eu nunca quis me jogar;
eu acho
(eu nunca acreditei na coragem)
e eu contava o tempo nos rejuntes de calçada, barras de compasso
eu fiquei tanto tempo sem falar lábio fechado que quase esqueci a língua que eu falava
eu me perdia a todo quarteirão e as avenidas que eu passava eram todas a mesma
e eu me oferecia em cada cruzamento pros capôs de carro -
que estilhaçassem minha bacia em porrilhões de cacos;
eu queria quebrar todos os vasos e pratos
da porcelana monte sião: mas o céu ainda era azul mais claro
os ipês ainda tinham as inflorecências
e milhões de obeliscos cutucavam o céu, daonde eu nunca quis me jogar;
eu acho
(eu nunca acreditei na coragem)
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
poema viking-defectivo na língua do estrangeiro
a galaxy a constellation nebulosa
black sandpaper.
canary islands; an andaluce film motion picture.
a woman whose lips velvet cloth futtons
ðþ-The Jewish population of Bohemia and Moravia, 118,000 according to the 1930 census, was virtually annihilated
whose skin is either honey or silk
iara who held my bleeding ankles and brought me under the river where time can't be for no watch watches track of any invisibility, transparent as the water is. i die my little deaths feliz.
black sandpaper.
canary islands; an andaluce film motion picture.
a woman whose lips velvet cloth futtons
ðþ-The Jewish population of Bohemia and Moravia, 118,000 according to the 1930 census, was virtually annihilated
whose skin is either honey or silk
iara who held my bleeding ankles and brought me under the river where time can't be for no watch watches track of any invisibility, transparent as the water is. i die my little deaths feliz.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
mês quatro
mar, marulho, mauro; vicente de carvalho -
desde quando o mês em que nascemos é mês de primavera e garça?
sorrir em flor? sorrir em mato e capim molhado
em folha seca decompondo...
abril fechava a cara e o céu pelos outeiros dedicados à sta catarina
nadando no clarão cego do dia nublado, desenrolava a primavera de outro;
e as leves garças, pousadas nos encanamentos dos canais,
catavam traíra dos rios artificiais.
pousar o vôo no teto de um fiat estacionado no canal três...
...canção de amor que eu canto e ninguém entende, porque o tietê vai desaguar no prata, e porque o tejo molha os meus pés... de balde! longe é o céu;
aos baldes me apresso. mar quem te vê batendo - os tristes metais pesados escorridos dos navios chineses. mercúrio chumbo dentre outros poluentes.
desde quando o mês em que nascemos é mês de primavera e garça?
sorrir em flor? sorrir em mato e capim molhado
em folha seca decompondo...
abril fechava a cara e o céu pelos outeiros dedicados à sta catarina
nadando no clarão cego do dia nublado, desenrolava a primavera de outro;
e as leves garças, pousadas nos encanamentos dos canais,
catavam traíra dos rios artificiais.
pousar o vôo no teto de um fiat estacionado no canal três...
...canção de amor que eu canto e ninguém entende, porque o tietê vai desaguar no prata, e porque o tejo molha os meus pés... de balde! longe é o céu;
aos baldes me apresso. mar quem te vê batendo - os tristes metais pesados escorridos dos navios chineses. mercúrio chumbo dentre outros poluentes.
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
JUBELN ALLE!
o barulho do universo inteiro mal cabe aqui, transcrito.
eu deixo o barulho do universo inteiro ser a poesia, eu silencio.
três linhas tortas de uma mulher que imita
uma outra poetisa morta.
três por três por torta, um cubo de escher pela metade.
alto. borda
eu deixo o barulho do universo inteiro ser a poesia, eu silencio.
três linhas tortas de uma mulher que imita
uma outra poetisa morta.
três por três por torta, um cubo de escher pela metade.
alto. borda
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
sábado, 6 de novembro de 2010
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
canções de exílio
eu aqui comendo brie
mas o que eu mais queria era nadar numa piscina de minas frescal.
mas o que eu mais queria era nadar numa piscina de minas frescal.
terça-feira, 12 de outubro de 2010
perséfone
píndaro, píndaro, um!, desci no cefaléia, no cais, no rapaz, e no colo de umas lindas mulheres.
píndaro traz as flores que passeiam pelo mar
à tona toa de perseu!
píndaro, sílaba tonal.
píndaro traz as flores que passeiam pelo mar
à tona toa de perseu!
píndaro, sílaba tonal.
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
samba partido alto
tereeeza
era aquela vagabunda.
levou meu carro trabalho mesa cadeira esquerda esqueça levou minha muda de pé de amora me namora namorava de baixo do pé de jaca que levou também a casa nova em que morava moro mora também, tereeeza! deixou só o pó, duas vassouras e uma tristeeeza sem fim;
mas a viiida... não é tão triste assiiim
tereza leveza no andar no balançar do seu vestiiido!
de seda!
falsa! -
tereeza caminhava na luz!
tereeeza me fez largar a cruz e morrer por mais ninguém!
tereeeza! deee jesus!
(breque!)
desculpa aí tereza;
láaa! láláláiá!laiáa!lá,iáaa!!!
Ô! ôooo! ô Ôoo ô ô!
salve seo bernini!
era aquela vagabunda.
levou meu carro trabalho mesa cadeira esquerda esqueça levou minha muda de pé de amora me namora namorava de baixo do pé de jaca que levou também a casa nova em que morava moro mora também, tereeeza! deixou só o pó, duas vassouras e uma tristeeeza sem fim;
mas a viiida... não é tão triste assiiim
tereza leveza no andar no balançar do seu vestiiido!
de seda!
falsa! -
tereeza caminhava na luz!
tereeeza me fez largar a cruz e morrer por mais ninguém!
tereeeza! deee jesus!
(breque!)
desculpa aí tereza;
láaa! láláláiá!laiáa!lá,iáaa!!!
Ô! ôooo! ô Ôoo ô ô!
salve seo bernini!
sábado, 25 de setembro de 2010
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
sinfonia a reforma
quais olhos
me cercam como um papel de parede
estampado de hibiscos
me embrulham, rasgados, rabiscos
pintam a minha casa;
enlaço um acaso na nuca
atraso um pouco, chego quase agora,
- tua boca é uma flor -
na nuca a unha o dente na carne crua: logo de manhã!
Desperta!
Acorda! a lua tua vida muda minha sua
Rasga os meus olhos também!
Me sangra o rosto com a tua boca!
finge que o lábio que eu tenho é o mesmo lábio que tu tem;
Desperta!
me cercam como um papel de parede
estampado de hibiscos
me embrulham, rasgados, rabiscos
pintam a minha casa;
enlaço um acaso na nuca
atraso um pouco, chego quase agora,
- tua boca é uma flor -
na nuca a unha o dente na carne crua: logo de manhã!
Desperta!
Acorda! a lua tua vida muda minha sua
Rasga os meus olhos também!
Me sangra o rosto com a tua boca!
finge que o lábio que eu tenho é o mesmo lábio que tu tem;
Desperta!
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
você,
é tipo assim, a menina mais legáu
começa de novo
você, é algo assim,
a mulher mais especial
que eu já conheci
nos assentos do 3.33
Barão Geraldo - Terminal
Central
e diz que tem mil agulhas na boca...
começa de novo
você, é algo assim,
a mulher mais especial
que eu já conheci
nos assentos do 3.33
Barão Geraldo - Terminal
Central
e diz que tem mil agulhas na boca...
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
tudo isso
Tiro na garganta!
minha sede eu que faço com a pólvora!;
matiz
-atropele o graduando atrasado deixa escorrer o sangue do graduando da universidade estadual pelo capô do teu carro, um palio
no mato - uma lama, meu mangue
se eu viro mangue viro minha própria ilha, atropela o graduando! redime(-o)!
minha sede eu que faço com a pólvora!;
matiz
-atropele o graduando atrasado deixa escorrer o sangue do graduando da universidade estadual pelo capô do teu carro, um palio
no mato - uma lama, meu mangue
se eu viro mangue viro minha própria ilha, atropela o graduando! redime(-o)!
con brio; allegro
Se me! Sêmen!
Esqueci de dizer! Parvoíce mênia!
:
Eu como a sujeira de debaixo da minha unha longa! Foi num dia puto e mal-dormido!, Embaixo da unha! eu Brado aqui um resumo da minha própria obra! Engulo!
Sorvo!
Mastigo!
É um resto de coágulo!
Uns pedaços de mato!
Um naco de pão!
Mastigo!
Con brio!
Esqueci de dizer! Parvoíce mênia!
:
Eu como a sujeira de debaixo da minha unha longa! Foi num dia puto e mal-dormido!, Embaixo da unha! eu Brado aqui um resumo da minha própria obra! Engulo!
Sorvo!
Mastigo!
É um resto de coágulo!
Uns pedaços de mato!
Um naco de pão!
Mastigo!
Con brio!
Entartete: Contos Webern-Freudianos: Die Drei Frauen
Fico puto puto puto, e as mulheres são só três, a vó que afaga a mãe que aporrinha e a irmã, que fala; ainda não descobri pra que servem as outras, virgem.
as mulheres
são três.
as mulheres
são três.
"KUNST"
Se me permitiria que abandonasse a benção
de coçar meu saco nu no vento de fresta?
Se me! (diesiraediesilla!)
Eu fico puto e volto pra Santos, nem sei porque, se me! volto correndo, dormi pouco.
'comprei um livro que falava de merda no primeiro capítulo e tinha uma dessas línguas duras, com palavrão forçado, meu caralho português'
Queria rabiscá-lo e achar uma bosta, 'desculpe', mas eu ri com ele.
Eu olho pra qualquer bundinha maisoumenos enquanto minha caneta falha.
Na luzinha fraca todas parecem a 'Scarlett Johansson' eu vou escrevendo minha vidinha no escuro do ônibus com medo de não estar escrevendo nada de tinta falha ou nada de nada mesmo, que nem o cara da música do Philip Glass, esse texto tá meio que imitando o estilo do Felix não tá?
"Não sei! Só em Santos de novo again saberei, quando eis então que de repente um GIGANTESCO ANTI CLÍMAX ACONTECE!".
de coçar meu saco nu no vento de fresta?
Se me! (diesiraediesilla!)
Eu fico puto e volto pra Santos, nem sei porque, se me! volto correndo, dormi pouco.
'comprei um livro que falava de merda no primeiro capítulo e tinha uma dessas línguas duras, com palavrão forçado, meu caralho português'
Queria rabiscá-lo e achar uma bosta, 'desculpe', mas eu ri com ele.
Eu olho pra qualquer bundinha maisoumenos enquanto minha caneta falha.
Na luzinha fraca todas parecem a 'Scarlett Johansson' eu vou escrevendo minha vidinha no escuro do ônibus com medo de não estar escrevendo nada de tinta falha ou nada de nada mesmo, que nem o cara da música do Philip Glass, esse texto tá meio que imitando o estilo do Felix não tá?
"Não sei! Só em Santos de novo again saberei, quando eis então que de repente um GIGANTESCO ANTI CLÍMAX ACONTECE!".
terça-feira, 24 de agosto de 2010
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
eu sou um poeta medíocre
tanto que coloquei o medíocre no título que é por não saber rima pra medíocre. mas eu sei rima pra ônibus, que é trólebus; eu sei rima pra rima, e eu até sei piada com rima. eu sei piar da cantina. eu sei umas meias coisas pelas bordas e outras que eu fui pelo centro por terem me coberto com elas. eu sei o nome do meu avô, que rima, mas eu não quero. (rima com coberto; mas no meio de frase, eu espero. altero, pondero, espero mais, amén.
terça-feira, 17 de agosto de 2010
saldo
saúdo os bravos aqui presentes para mais uma conferência de depósito e artilharia; quantos homens sobrarão? e quantos sobraram. Quantos faltaram? dia de saldo.
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
poeta moribundo
vou
cuspin-
doao
spouquinhos
sangue
co
.
coágulo-
de
pregui
ça
vou
morren,
morrer.
eu
jogado
mmm minha mão pra fora do leito
caindo, berço, mmm aaa a a a
pa
la
vra
morre
morro
oeu.
cuspin-
doao
spouquinhos
sangue
co
.
coágulo-
de
pregui
ça
vou
morren,
morrer.
eu
jogado
mmm minha mão pra fora do leito
caindo, berço, mmm aaa a a a
pa
la
vra
morre
morro
oeu.
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
vulto de urubu gralha ressoando na janela ninho de pomba bomba na viga exposta;as telhas da minha casa foram feitas em limeira-sp, atesta o baixo relevo nelas impresso. a testa quadriulada marcada do sol, cinzento e cinzenta se isenta dos perigos do amianto, num câncer de pulmão, num choro e não num pranto, na falta de pano, na falta de viga de madeira, na falta de telha e mais telha, na falta falto eu, ainda que no entanto, seja eu sem mais nem menos de um desse, deleite dos meus feriados ateus.
quê?
quê?
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
"lembro de quando stella era mais doce"
lembra quando stella era mais doce?
quanto, stella, eu tomava?
e no finalzinho da garrafa
nunca amargava
nada
que não fosse o que eu queria mesmo...
o amoreco bobo e tal...
e quando stella era mais doce?
o cheiro ruim da cola do rótulo
contrastando com a brisa de mar que era aquilo tudo na minha língua...
o português...
quanto, stella, eu tomava?
e no finalzinho da garrafa
nunca amargava
nada
que não fosse o que eu queria mesmo...
o amoreco bobo e tal...
e quando stella era mais doce?
o cheiro ruim da cola do rótulo
contrastando com a brisa de mar que era aquilo tudo na minha língua...
o português...
domingo, 1 de agosto de 2010
música: Fanfarra e Axé
com umas valsas pelo meio e uma fanfarra de adendo. karneval für eine flöte und ein klarinette und das grosse bassklarinette; das fagott! die große trommel! und becken - zwei hörner, Drei Trompeten UND EIN POSAUNe! eineineine violine bratsche cello/ und das Vibrafon.
são três movimentos, mas eu não quero falar sobre isso;
são três movimentos, mas eu não quero falar sobre isso;
(a) lucas e rodrigues e ferreira
retrato do brasil caipira
a marca na testa do matuto -
toda quadriculada,
que nem terra seca de lá pra cima.
toda quebrada das horas ao sol
enfiado em calça jeans
toda quadriculada,
que nem terra seca de lá pra cima.
toda quebrada das horas ao sol
enfiado em calça jeans
sexta-feira, 30 de julho de 2010
anos dez
finda o mês fiscal e todo os nós esperamos as continhas atocharem-se-de baixo das portas trancadas se eu não esqueço de trancá-las, senão não
terça-feira, 27 de julho de 2010
The chinchators
Ontem fui comprar pão na padaria seu delegado, quando derrepente fui surpreendida por pessoas q não sei quem fui, eles pareciam crianças, logo um subiu em meu pescoço, outro em minha perna, até que estava completamente coberta, quando acordei estava em uma espécie de beco, lá me levantei e vim correndo fazer esta denuncia, acho que como não temos nenhum super herói no planeta, o alastramento de pestes como essas podem começar a se espaalhar
sábado, 17 de julho de 2010
sexta-feira, 16 de julho de 2010
sábado, 10 de julho de 2010
pó
eis que daqui a pouco
pouco pouco pouco pouco
dobra a folha do calendário pendurado
eis que daqui a pouco pouco, pouco pouco, dobra o dia 11 no calendário, pouco pouco pó.
pouco pouco pouco pouco
dobra a folha do calendário pendurado
eis que daqui a pouco pouco, pouco pouco, dobra o dia 11 no calendário, pouco pouco pó.
quase morri, e tudo o que eu pensava era na poesia
dizia
que aquilo dava
fácil.
morri, e tudo o que eu pensava era poesia
fácil, até palavras escritas no meu braço tinha
e o sangue esparramava.
morri, e tudo que eu dizia era um abraço, escreve nesse espaço
de chão que o relevo deixou limpo.
morria, e tudo que dizia era poesia, citava trechos e tudo mais, me pedia que um braço já dormia e agora ele todo estava ali, jogado.
um dia vai vir que eu estava ali também.
dizia
que aquilo dava
fácil.
morri, e tudo o que eu pensava era poesia
fácil, até palavras escritas no meu braço tinha
e o sangue esparramava.
morri, e tudo que eu dizia era um abraço, escreve nesse espaço
de chão que o relevo deixou limpo.
morria, e tudo que dizia era poesia, citava trechos e tudo mais, me pedia que um braço já dormia e agora ele todo estava ali, jogado.
um dia vai vir que eu estava ali também.
quarta-feira, 7 de julho de 2010
saudades de santos-sp
SEMPRE sempre sempre sempre que eu passo ali naquela pontezinha sem nome e vejo o mangue se esvaindo em dois rios mais a imponência da muralha e da rocha
SEMPRE sempre sempre me aperta aqui bem aqui oh! SEMPRE que eu vou embora meu anseio não é o de cantar contar ou qualquer moça que mais seja
SEMPRE sempre sempre o que eu mais quero é voltar
É PROIBIDO o comércio na ponte; É PROIBIDO pescar na ponte.
SEMPRE sempre sempre me aperta aqui bem aqui oh! SEMPRE que eu vou embora meu anseio não é o de cantar contar ou qualquer moça que mais seja
SEMPRE sempre sempre o que eu mais quero é voltar
É PROIBIDO o comércio na ponte; É PROIBIDO pescar na ponte.
sábado, 3 de julho de 2010
qian qi: imitação de um poema antigo e variações
céu de outono e a geada de pedra dura
o noroeste carrega a fragrância da trevina
amabile o vento venta até que se apaga de grados a lâmpada só.
enxuga lágrima
memória afável
grande e longa noite fria.
Pobre mulher pela noite sem companhia disfarça o frio e o hálito com bebidas caras.
o noroeste carrega a fragrância da trevina
amabile o vento venta até que se apaga de grados a lâmpada só.
enxuga lágrima
memória afável
grande e longa noite fria.
Pobre mulher pela noite sem companhia disfarça o frio e o hálito com bebidas caras.
quinta-feira, 1 de julho de 2010
música: riviera
um estudo de cores dos teclados etc (clarinete, pratos, triângulo, chocalho, sinos tubulares, tímpanos, glockenspiel, xilofone, marimba, vibrafone e celesta)
lucas
domingo, 27 de junho de 2010
música: Procurando a hora no pulso das outras
Vá lá, o título eu roubei do Felix no contrapop.wordpress.com; mas é bonito né? jeitoso.
pas de deux pra flauta, clarinete, tímpanos, tam-tam, caixa clara e caixa tenor, piano, dois quartetos de cordas e contrabaixo.
(a) lucas rodrigues ferreira
pas de deux pra flauta, clarinete, tímpanos, tam-tam, caixa clara e caixa tenor, piano, dois quartetos de cordas e contrabaixo.
(a) lucas rodrigues ferreira
sexta-feira, 25 de junho de 2010
Olá tudo bein?
se existe algo que não da pra compreeeeender é essa vida moribunda que parece que tem preguiça de acordar de tarde pa bota as lingïça na churrasquera
quinta-feira, 24 de junho de 2010
terça-feira, 15 de junho de 2010
segunda-feira, 14 de junho de 2010
o mar
daqui de cima eu não vejo mais a foz do tejo;
de que vale o planalto
se eu não enxergo?
Me viro, miro o outro lado;
não sou eu.
de que vale o planalto
se eu não enxergo?
Me viro, miro o outro lado;
não sou eu.
domingo, 13 de junho de 2010
por que não vai no impulso? por que não me acompanha na beira do abismo? porque falta o juízo, por isso.
Grande falha da tecnologia modernosa desse século, esses botões mais ou menos funcionais, de plástico barato, porque não levam em si as emoções de quem escree afobado em cada backspace que eu tenho que dar, em cada 'enviar' vazio que não vai, ai eu aqui cheio dos ais... diz que não me disse, e eu finjo que não ligo. diz?
Grande falha da tecnologia modernosa desse século, esses botões mais ou menos funcionais, de plástico barato, porque não levam em si as emoções de quem escree afobado em cada backspace que eu tenho que dar, em cada 'enviar' vazio que não vai, ai eu aqui cheio dos ais... diz que não me disse, e eu finjo que não ligo. diz?
quinta-feira, 10 de junho de 2010
ladainha de santo antão da varsóvia e franquefurte
salve santo antão
padroeiro dos ateus
protege-nos da inocência
naïveté
amén
de acreditar que tudo é nosso
(amén)
de acreditar que nada é meu
de acreditar no riso, na lágrima ou na dor
protege-nos do alto do teu andor;
e, das pregações absurdas e acadêmicas,
trá-nos incredulidade
salve, santo antão, a minha vontade
saúde
padroeiro dos ateus
protege-nos da inocência
naïveté
amén
de acreditar que tudo é nosso
(amén)
de acreditar que nada é meu
de acreditar no riso, na lágrima ou na dor
protege-nos do alto do teu andor;
e, das pregações absurdas e acadêmicas,
trá-nos incredulidade
salve, santo antão, a minha vontade
saúde
sábado, 5 de junho de 2010
(o que me leva à) Curitiba
Curitiba, cidade cheia dos trens
e lixeiras do mundo-geral
abridas as portas fechados os lenços amigos os terços
alcançam até
o planalto central:
curitiba, ora pronobis
curitiba, tollit peccata mundi
ecce pinale
dona nobis pacem
amén.
e lixeiras do mundo-geral
abridas as portas fechados os lenços amigos os terços
alcançam até
o planalto central:
curitiba, ora pronobis
curitiba, tollit peccata mundi
ecce pinale
dona nobis pacem
amén.
dois amores moram longe mais um
e se a gente se encontra nas férias, você via como eu emagreci e eu via seu cabelo novo e que você deu uma engordadinha mas eu nem ligo muito pra isso, eu te levava em casa e tinha até um beijinho tímido, e eu lembrava de alguma bobagem que você tinha falado outro dia, e nem ria. e depois nada mais acontecia, mulheres de respeito:
dois amores moram longe
a amava e nem sabia porque; não era simpática, não era faceira nem nada. Morava longe. No interior do estado. Quase que outro país. E ainda assim, sonhava com ela, que cacete.
diálogo
mesmo quando os campos eram tristes eu sonhava com os campos, mesmo quando os prantos eram estes eu chorava pelos panos, mesmo quando a veste era mais leve eu arrancava do teu corpo, mesmo quando a carne era podre eu dizia que era encanto; mentia.
ainda que fossem meus os sonhos eram doutro, ainda que fossem estes sonhos os meus eu os trocaria por moedas, ainda que não fossem elas, ainda que eu não quero, ainda mesmo que eu quisesse, não dava.
quando eu ando.
ainda que fossem meus os sonhos eram doutro, ainda que fossem estes sonhos os meus eu os trocaria por moedas, ainda que não fossem elas, ainda que eu não quero, ainda mesmo que eu quisesse, não dava.
quando eu ando.
quinta-feira, 3 de junho de 2010
alla marcia breve
o gato comeu minha língua
um suspiro (o doce)
um respiro (a janela)
e um ralo (o esgoto, o ralo).
marcha
um suspiro (o doce)
um respiro (a janela)
e um ralo (o esgoto, o ralo).
marcha
terça-feira, 1 de junho de 2010
sexta-feira, 28 de maio de 2010
quinta-feira, 13 de maio de 2010
paisagem
um homem barrigudo atravessa o viaduto;
a castanha de caju, R$2,00.
prédios da gafisa,
todos iguais:
pé-direito de casa de boneca
e absurda correção pela tabela PRICE.
a castanha de caju, R$2,00.
prédios da gafisa,
todos iguais:
pé-direito de casa de boneca
e absurda correção pela tabela PRICE.
quarta-feira, 12 de maio de 2010
coletânea aleatória de haicais em trânsito
na bandeirantes
carros na diagonal:
vou-membora
a marginal pinheiros
não tem nenhum pinheiro
e fede.
no canteiro central
há árvores.
não sei seus nomes.
pq do estado;
vl. mariana.
Vl. Mariana;
Pq. do Estado.
carros na diagonal:
vou-membora
a marginal pinheiros
não tem nenhum pinheiro
e fede.
no canteiro central
há árvores.
não sei seus nomes.
pq do estado;
vl. mariana.
Vl. Mariana;
Pq. do Estado.
dizes
:me beija
porque eu tenho mil agulhas na minha boca;
me abraça -
porque eu tenho o alimento no meu peito
e a vida na cintura.
do infinito a um ponto qualquer.
:me beija
porque eu tenho mil agulhas na minha boca;
me abraça -
porque eu tenho o alimento no meu peito
e a vida na cintura.
dizes:
nada. tenho mil agulhas na minha boca.
porque eu tenho mil agulhas na minha boca;
me abraça -
porque eu tenho o alimento no meu peito
e a vida na cintura.
do infinito a um ponto qualquer.
:me beija
porque eu tenho mil agulhas na minha boca;
me abraça -
porque eu tenho o alimento no meu peito
e a vida na cintura.
dizes:
nada. tenho mil agulhas na minha boca.
sábado, 1 de maio de 2010
o príncipe que não escalou o monte horaï
-minha senhora, donde fica o monte horaï?
K: Não sei.
-passei três anos navegando; buscando. saí do porto do oeste numa pequena barca e trouxe até de testemunho dois bravos servos. enfrentei ondas gigantescas; bestas magníficas, e quando quase desistia, quase morri numa tormenta, quase adormeci no barco à deriva, quase apareci numa ilha digna de camões, o poeta português; eis que uma moça me entregou em mãos uma cesta de frutas e pães, e quando já estavamos nós todos fartíssimos, sumira, e no fundo da cesta, a sua rama, que entrego aqui ajoelhado
(ajoelha o príncipe com sorriso satisfeito no rosto)
servo (bravo): eu sou o ourives! senhor, que me pague! já que passamos três anos talhando esta rama numa choupana beira-mar! viagem, diga lá viajem;
K: insulto! (ao servo:) leve a rama de pagamento. Se houve ondas, são as que chorei.
K: Não sei.
-passei três anos navegando; buscando. saí do porto do oeste numa pequena barca e trouxe até de testemunho dois bravos servos. enfrentei ondas gigantescas; bestas magníficas, e quando quase desistia, quase morri numa tormenta, quase adormeci no barco à deriva, quase apareci numa ilha digna de camões, o poeta português; eis que uma moça me entregou em mãos uma cesta de frutas e pães, e quando já estavamos nós todos fartíssimos, sumira, e no fundo da cesta, a sua rama, que entrego aqui ajoelhado
(ajoelha o príncipe com sorriso satisfeito no rosto)
servo (bravo): eu sou o ourives! senhor, que me pague! já que passamos três anos talhando esta rama numa choupana beira-mar! viagem, diga lá viajem;
K: insulto! (ao servo:) leve a rama de pagamento. Se houve ondas, são as que chorei.
o príncipe que acionou contatos na china
Perdoa-me princesa, pois achei um robe idêntico; foi um mendigo quem o achou, depois do príncipe das chinas ter perguntado a toda sua população sobre o paradeiro de tal veste. Porém, o mendigo disse, cada vez que o põem no fogo, mais belo fica, e lá seria possível ficar mais lindo que isso, mendigo, sim, acho que sim, e então tudo virou cinza, agora choro pois não posso te ter.
ao menos foste sincero, apesar da preguiça tanta, e além do mais, serve-te de consolo que choro também? por três anos chorei;
ao menos foste sincero, apesar da preguiça tanta, e além do mais, serve-te de consolo que choro também? por três anos chorei;
o príncipe que não foi à índia
andei sóis e sóis, por sobre terra, por sobre pedras, por cima do mar; no meio do caminho, não havia nenhuma velha senhora que me oferecesse uma vasilha d'água que fosse. de lá trouxe de presente a vasilha de sidarta!
testarei-a, e descobrirei-a falsa: não reluz por si só no breu da noite!
até aí, também não reluz assim a lua, nem mesmo teus cabelos!
insulto! compraste a vasilha na mesbla!
testarei-a, e descobrirei-a falsa: não reluz por si só no breu da noite!
até aí, também não reluz assim a lua, nem mesmo teus cabelos!
insulto! compraste a vasilha na mesbla!
a princesa da noite radiante
nascera do temanho de um polegar, do ventre de um bambu; imprudente taketori no okina, ouvira um silvo e um chocalho na planta, daí inocentemente cortou bambu: e se fosse uma cobrinha daquelas que se escondem em bambu?
kaguya-hime era agora moça linda, e seus cabelos brilhavam tal qual brilhava a lua, apesar de negros, lisos, escorridos; da pele alva, dos lábios de hibisco, logo as notícias de tão bela donzela-princesa se espalharam por todo o japão; cinco príncipes vieram em sua busca, dois do norte, outro de kyoto, mais um de edo e outro de nagoya.
a donzela não era moça tão pura quanto enganava a cor de seu cabelo: pediu riquezas a cada um dos príncipes (não lhe bastava serem príncipes)
requereu demonstrações magníficas de perseverança e braveza.
a um, ordenou que viajasse a pé até capilavastu, donde traria o pote de sidarta, o buda;
ao segundo, pediu-lhe que subisse o monte horaï e lá colhesse a rama da árvore preciosa, da qual brotam galhos de ouro, frutos de quartzo e pétalas de brilhante;
o terceiro devia-lhe o mítico robe de pele de rato de fogo chinês, que não fosse produzido em nenhuma das gigantescas linhas de produção que hão na china;
o príncipe de edo deveria arrancar do pescoço do maior dragão, o colar de pedra quente cuspida das entranhas da terra por este portado. estranho isso; a princesa era da lua -
o último, príncipe de nagoya, trazer-lhe-ia o búzio nascido das andorinhas e que caíra no fundo do mar revolto das cercanias da ilha formosa.
Pouco importa, se Kaguya chorava.
kaguya-hime era agora moça linda, e seus cabelos brilhavam tal qual brilhava a lua, apesar de negros, lisos, escorridos; da pele alva, dos lábios de hibisco, logo as notícias de tão bela donzela-princesa se espalharam por todo o japão; cinco príncipes vieram em sua busca, dois do norte, outro de kyoto, mais um de edo e outro de nagoya.
a donzela não era moça tão pura quanto enganava a cor de seu cabelo: pediu riquezas a cada um dos príncipes (não lhe bastava serem príncipes)
requereu demonstrações magníficas de perseverança e braveza.
a um, ordenou que viajasse a pé até capilavastu, donde traria o pote de sidarta, o buda;
ao segundo, pediu-lhe que subisse o monte horaï e lá colhesse a rama da árvore preciosa, da qual brotam galhos de ouro, frutos de quartzo e pétalas de brilhante;
o terceiro devia-lhe o mítico robe de pele de rato de fogo chinês, que não fosse produzido em nenhuma das gigantescas linhas de produção que hão na china;
o príncipe de edo deveria arrancar do pescoço do maior dragão, o colar de pedra quente cuspida das entranhas da terra por este portado. estranho isso; a princesa era da lua -
o último, príncipe de nagoya, trazer-lhe-ia o búzio nascido das andorinhas e que caíra no fundo do mar revolto das cercanias da ilha formosa.
Pouco importa, se Kaguya chorava.
quinta-feira, 29 de abril de 2010
já eu, nunca li clarisse (expurgo)
tanto que nem sei escrever o nome dela direito.
mas já dei vários de seus livros de presente, com dedicatórias afetuosas e algumas afetadas...
cadê a poesia do interior deste país que eu ainda não achei?
nessa gente dura e desconfiada
que silencia em resposta
não consigo achar, não sei onde tem...
não é no matagal
não é na linha de trem, nem é na desorganização irritante das linhas rodoviárias urbanas.
não achei poesia nos grandes parques ou avenidas.
não achei poesia na destruição da antiga rodoviária.
não achei nada.
não achei música
não achei poesia
não tem nada.
só que, vi olhos verde-água.
mas já dei vários de seus livros de presente, com dedicatórias afetuosas e algumas afetadas...
cadê a poesia do interior deste país que eu ainda não achei?
nessa gente dura e desconfiada
que silencia em resposta
não consigo achar, não sei onde tem...
não é no matagal
não é na linha de trem, nem é na desorganização irritante das linhas rodoviárias urbanas.
não achei poesia nos grandes parques ou avenidas.
não achei poesia na destruição da antiga rodoviária.
não achei nada.
não achei música
não achei poesia
não tem nada.
só que, vi olhos verde-água.
domingo, 4 de abril de 2010
o amor e o transporte público
apita a sirene, plataforma de estação
e entra no metropolitano paulista a portadora de gigantes olhos verdes que me lembram até do mar enorme da minha cidade natal;
de pé, segurando a barra de metal, eu aqui sentado na cadeira reservada a idosos e gestantes, fixo nessas órbitas o pequeno astro que habito, no reflexo da janelinha entreaberta (o trem ainda é dos mais antigos) eu me perco naquela luz, ela se veste mais ou menos bem e me dá as costas, por um momentinho ali, ela também me olhava no reflexo, mas não, só via se o trem ia pra lá ou pra cá, de que lado da estação ia descer.
moça, estico o braço, quer sentar, não obrigada, já vou descer, desceu, e eu ali, indo pro terminal, amei por uma eternidade, me aliviei da dor, me dei morno, deesci do trem, me doeu muito, fiquei mal, na fossa, recuperei e estou aí de novo, pronto pra me apaixonar pela moça que comprou o bilhete da ponte rodoviária logo antes de mim, mas aí não tinha mais poltrona do ladinho dela, e aí de novo eu fui. tudo amor em pequena escala, de escala em parada, dormir acordar, amor em miniatura, em transporte coletivo pago pelo icms recolhido pelo governo do estado de são paulo. cada vez mió.
(esse assunto ainda merece observações mais estruturadas...)
e entra no metropolitano paulista a portadora de gigantes olhos verdes que me lembram até do mar enorme da minha cidade natal;
de pé, segurando a barra de metal, eu aqui sentado na cadeira reservada a idosos e gestantes, fixo nessas órbitas o pequeno astro que habito, no reflexo da janelinha entreaberta (o trem ainda é dos mais antigos) eu me perco naquela luz, ela se veste mais ou menos bem e me dá as costas, por um momentinho ali, ela também me olhava no reflexo, mas não, só via se o trem ia pra lá ou pra cá, de que lado da estação ia descer.
moça, estico o braço, quer sentar, não obrigada, já vou descer, desceu, e eu ali, indo pro terminal, amei por uma eternidade, me aliviei da dor, me dei morno, deesci do trem, me doeu muito, fiquei mal, na fossa, recuperei e estou aí de novo, pronto pra me apaixonar pela moça que comprou o bilhete da ponte rodoviária logo antes de mim, mas aí não tinha mais poltrona do ladinho dela, e aí de novo eu fui. tudo amor em pequena escala, de escala em parada, dormir acordar, amor em miniatura, em transporte coletivo pago pelo icms recolhido pelo governo do estado de são paulo. cada vez mió.
(esse assunto ainda merece observações mais estruturadas...)
terça-feira, 23 de março de 2010
vida em sociedade
uma vez
uma vezinha
saí da linha
dei na escada e desenhei de giz alguma coisa na garagem da vizinha;
uma vez uma vizinha
me ofereceu bolo de giz na garagem da betinha
uma vez, duas vizinhas
outra vez, outra vizinha me deu bolo de garagem de vizinha. amén.
uma vezinha
saí da linha
dei na escada e desenhei de giz alguma coisa na garagem da vizinha;
uma vez uma vizinha
me ofereceu bolo de giz na garagem da betinha
uma vez, duas vizinhas
outra vez, outra vizinha me deu bolo de garagem de vizinha. amén.
sábado, 20 de março de 2010
sexta-feira, 19 de março de 2010
estudos de haikai sobre édipo, I.
tranco a porta;
um olhar de relance
rasgo teu ventre.
penetra
cordão umbilical.
cheiro de suor
abraço depois do colégio
lábio úmido, boca aberta
lambo teu gozo
sorvo teu leite
regozijo.
me deito em teus seios
nos teus seios me deito
sonho; ronco.
lençóis sujos
sofá de casa
lava
o lábio me fere -
um beijinho de tchau e choro
-um beijo de tchau e choras.
um olhar de relance
rasgo teu ventre.
penetra
cordão umbilical.
cheiro de suor
abraço depois do colégio
lábio úmido, boca aberta
lambo teu gozo
sorvo teu leite
regozijo.
me deito em teus seios
nos teus seios me deito
sonho; ronco.
lençóis sujos
sofá de casa
lava
o lábio me fere -
um beijinho de tchau e choro
-um beijo de tchau e choras.
parado
assim aqui no meio de tudo
eu sou um eixo magistral
um enorme pólo de referência
um apoio
um imã para agulhas de bússola e desgraças alheias.
eu sou um eixo magistral
um enorme pólo de referência
um apoio
um imã para agulhas de bússola e desgraças alheias.
pra onde vou sentado
sentado e só, vou à todo lado, a nado, anágua, na água, no mar
...anália me pôs sentado e foi-se embora...
anália nunca mais volta...
eu fico sentado aqui, meio andando meio parado, E como se move;
cambalhotas.
...anália me pôs sentado e foi-se embora...
anália nunca mais volta...
eu fico sentado aqui, meio andando meio parado, E como se move;
cambalhotas.
de pé
de pé no ônibus
seguro firme a barra
de metal
olho pro cemitério
tão bonito
tão vazio
de pé no frio
parado cortando vento
de pé no canteiro central da avenida central na região do centro
imobilíssimo
centro imóvel
um imóvel no centro
não o mobiliarei com sofá algum
assisto tv de pé
seguro firme a barra
de metal
olho pro cemitério
tão bonito
tão vazio
de pé no frio
parado cortando vento
de pé no canteiro central da avenida central na região do centro
imobilíssimo
centro imóvel
um imóvel no centro
não o mobiliarei com sofá algum
assisto tv de pé
sentar
faz vinte anos que eu me sento
e espero feito um vladimir a sorte chegar
faz vinte anos que eu me sento nesse cubículo de escritório
na fila do inss
no setor de contas à pagar.
faz vinte anos que eu estou sentado no meu palio fire
esperando o trânsito desafogar. meu terno já está bem fora de moda.
e espero feito um vladimir a sorte chegar
faz vinte anos que eu me sento nesse cubículo de escritório
na fila do inss
no setor de contas à pagar.
faz vinte anos que eu estou sentado no meu palio fire
esperando o trânsito desafogar. meu terno já está bem fora de moda.
quarta-feira, 10 de março de 2010
amargar (la mer)
sente a textura do sal roçando entre as polpas dos dedos
tempera a carne
o sal entra na ferida, séca e arde, mas séca, sêca a ferida, amarga (de amargar) e cura
logo que acorda, quando os nervos estão ainda sensíveis,
sente a textura do sal por entre os dedos, entre as palmas, entre nós, no mar
entre a ferida e a água do mar
entre o vento e o mar
o diálogo do vento
e do mar
em mil novecentos e noventa a resolução wha43.2 da assembleia mundial da saúde aprovou o objetivo de eliminar a idd como problema de saúde pública. em mil novecentos e noventa e três a oms o unicef o conselho internacional para o controle das perturbações causadas pela carência de iodo recomendaram a utilização universal de sal marinho iodado como principal estratégia para se conseguir a eleminação das idd. o sal marinho é extraído, no brasil, principalmente das regiões do rio grande do norte e paraíba.
tempera a carne
o sal entra na ferida, séca e arde, mas séca, sêca a ferida, amarga (de amargar) e cura
logo que acorda, quando os nervos estão ainda sensíveis,
sente a textura do sal por entre os dedos, entre as palmas, entre nós, no mar
entre a ferida e a água do mar
entre o vento e o mar
o diálogo do vento
e do mar
em mil novecentos e noventa a resolução wha43.2 da assembleia mundial da saúde aprovou o objetivo de eliminar a idd como problema de saúde pública. em mil novecentos e noventa e três a oms o unicef o conselho internacional para o controle das perturbações causadas pela carência de iodo recomendaram a utilização universal de sal marinho iodado como principal estratégia para se conseguir a eleminação das idd. o sal marinho é extraído, no brasil, principalmente das regiões do rio grande do norte e paraíba.
terça-feira, 9 de março de 2010
quarta-feira, 3 de março de 2010
tsuki e momiji, estudos de haiku
aqui tanto vim
me era esperado
nada encontrei
que aconteceu
indaga a adaga
cortei-me só
me era esperado
nada encontrei
que aconteceu
indaga a adaga
cortei-me só
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
ballet nô-gagaku
entra homem de branco; dança alegre.
cena I - homem de branco encontra pétala de flor.
cena II - homem de branco come pétala de flor.
cena III - a moça desce a torre e vem ao encontro do homem de branco; homem de branco some.
Ato segundo:
cena única: petruchka morre: a dança do adeus, totentanz.
cena I - homem de branco encontra pétala de flor.
cena II - homem de branco come pétala de flor.
cena III - a moça desce a torre e vem ao encontro do homem de branco; homem de branco some.
Ato segundo:
cena única: petruchka morre: a dança do adeus, totentanz.
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
ofício do registro civil das pessoas naturais de santos
Quando nasci, logo puseram-me em papel;
quando morrer, me porão também.
e nós poetas que fazemos? ninguém nasce aqui, a poesia, uns dizem, é até morta
Quando nasci, logo virei algo que podia ser empoeirado, ainda mais considerando que sou pessoa natural de Santos, lugar que trás poeira fácil nos ventinhos. As traças comem minha existência, eu guardo meu ser numa pastinha amarela que quando preciso, nunca acho.
a gente só gosta é de brincar de lego com as palavras no porão
que me porão em morte e me puseram em vida abaixo do solo, escuro, defunto, cheio de blocos nos por-voltas, um túnel de metrô, um emissário submarino, cheio de lama e peixe. um manguezal.
O cidadão, ao atingir dezoito anos, torna-se útil para a sociedade.
Quando eu nasci, não era útil, não fazia nada. Quando nasci puseram-me logo em papel, pra evitar que eu fugisse ou virasse abstração.
---
chora, chora, chora, pára. era só olhar o bebê que tudo o mais dissolvia. o bebê não tinha contorno e nasceu bem em cima da divisa.
aos nove anos, faminto, finalmente dignificaram-lhe um nome: jean valjean (nem precisava).
quando morrer, me porão também.
e nós poetas que fazemos? ninguém nasce aqui, a poesia, uns dizem, é até morta
Quando nasci, logo virei algo que podia ser empoeirado, ainda mais considerando que sou pessoa natural de Santos, lugar que trás poeira fácil nos ventinhos. As traças comem minha existência, eu guardo meu ser numa pastinha amarela que quando preciso, nunca acho.
a gente só gosta é de brincar de lego com as palavras no porão
que me porão em morte e me puseram em vida abaixo do solo, escuro, defunto, cheio de blocos nos por-voltas, um túnel de metrô, um emissário submarino, cheio de lama e peixe. um manguezal.
O cidadão, ao atingir dezoito anos, torna-se útil para a sociedade.
Quando eu nasci, não era útil, não fazia nada. Quando nasci puseram-me logo em papel, pra evitar que eu fugisse ou virasse abstração.
---
chora, chora, chora, pára. era só olhar o bebê que tudo o mais dissolvia. o bebê não tinha contorno e nasceu bem em cima da divisa.
aos nove anos, faminto, finalmente dignificaram-lhe um nome: jean valjean (nem precisava).
domingo, 31 de janeiro de 2010
da varanda
Um grande homem abriu sua janela e viu a si mesmo sentado em sua cadeira. se assustou, andava tão magro.
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
o resto da europa
não me dá poesia nenhuma.
eu só vim de um cantinho só.
minha pátria é essa língua toda torta. que eu mesmo entorto.
eu mesmo deixo isso tudo do tamanho de uma coisa só, toda a junta.
eu só vim de um cantinho só.
minha pátria é essa língua toda torta. que eu mesmo entorto.
eu mesmo deixo isso tudo do tamanho de uma coisa só, toda a junta.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
valsa sobre o belo danúbio outrora azul, hoje poluído.
talvez seja um par, dança pra lá, dança pra cá;
talvez com mais dois, lá, cá;
talvez com mais três, mais cinco: mais seis.
talvez com mais dois, lá, cá;
talvez com mais três, mais cinco: mais seis.
finlandia
acho que não sei mais escrever;
começo a juntar a com a, ä com v
mas isso aqui não existe.
isso não existe aqui.
não existe nada aqui.
aqui não existe nada.
aqui só existe o que eu existo junto: uma cadeira e uma caneta
uma garrafinha e uma flauta.
aqui só existe o que não existe: desobjetos jogados pelo não-chão.
começo a juntar a com a, ä com v
mas isso aqui não existe.
isso não existe aqui.
não existe nada aqui.
aqui não existe nada.
aqui só existe o que eu existo junto: uma cadeira e uma caneta
uma garrafinha e uma flauta.
aqui só existe o que não existe: desobjetos jogados pelo não-chão.
sábado, 23 de janeiro de 2010
das lied von der Homer
veni, veni, creator spiritus
mentes tuorum visita
talvez outra hora, talvez outro dia
que agora cansam as vistas minhas tristes minhas todas minhas a minha espinha
as minhas espinhas
cansam
eu agora sou quase grande e não tem ninguém aqui pra ver.
mentes tuorum visita
talvez outra hora, talvez outro dia
que agora cansam as vistas minhas tristes minhas todas minhas a minha espinha
as minhas espinhas
cansam
eu agora sou quase grande e não tem ninguém aqui pra ver.
domingo, 17 de janeiro de 2010
música: Sinfonia das Árvores Gigantescas
(aos meus coleguinhas foakeanistas)
este blog que nunca se autorrefere não tem muitos leitores, talvez nenhum, talvez nem eu. então eu os invento; hoje inventei que vocês, queridos leitores devem ter notado minha constante ausência nessas semanas, os erros de alguém que escreve apressado nos textos que não foram deixados em meros títulos e tudo mais. é que joão acordou e o cachorro latia, joão abriu a porta e o sonho existia. é que eu estava a trabalhar nisto que se segue:
Sinfonia das Árvores Gigantescas (suíte sinfônica em 4 movimentos):
1º Movimento: Prelúdio às Árvores Gigantescas
2º Movimento: 'O Ipê-Amarelo' (em duas partes):
Parte I: Variações sobre o Tema da Oferenda Musical de Bach
Parte II: A Corruíra
A corruíra canta seu canto lá da copa, te agarra e te leva à praia. Um chôro na praça do Aquário. Uma morena passa e não há quem não torça o pescoço; nem o diabo resiste.
3º Movimento: 'A Ciranda do Diabo Triste'
4º Movimento: Manhã, Praia do Gonzaga
(fuga)
este blog que nunca se autorrefere não tem muitos leitores, talvez nenhum, talvez nem eu. então eu os invento; hoje inventei que vocês, queridos leitores devem ter notado minha constante ausência nessas semanas, os erros de alguém que escreve apressado nos textos que não foram deixados em meros títulos e tudo mais. é que joão acordou e o cachorro latia, joão abriu a porta e o sonho existia. é que eu estava a trabalhar nisto que se segue:
Sinfonia das Árvores Gigantescas (suíte sinfônica em 4 movimentos):
1º Movimento: Prelúdio às Árvores Gigantescas
2º Movimento: 'O Ipê-Amarelo' (em duas partes):
Parte I: Variações sobre o Tema da Oferenda Musical de Bach
Parte II: A Corruíra
A corruíra canta seu canto lá da copa, te agarra e te leva à praia. Um chôro na praça do Aquário. Uma morena passa e não há quem não torça o pescoço; nem o diabo resiste.
3º Movimento: 'A Ciranda do Diabo Triste'
4º Movimento: Manhã, Praia do Gonzaga
(fuga)
-Lucas Rodrigues Ferreira
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
homem e mulher os criou
estala um ovo e diz que me ama, meu querido
--
cidade nenhuma há de me engolir, posta a minha grandeza
essa que atrapalharia todo um processo de deglutição nas gargantas da metrópole.
então eu consigo andar por aí e ainda olhar pra cima. e voltar e nunca mais voltar.
cidade não tem dente. a cidade é banguela e frase de efeito
--
cidade nenhuma há de me engolir, posta a minha grandeza
essa que atrapalharia todo um processo de deglutição nas gargantas da metrópole.
então eu consigo andar por aí e ainda olhar pra cima. e voltar e nunca mais voltar.
cidade não tem dente. a cidade é banguela e frase de efeito
sábado, 9 de janeiro de 2010
A volta do meloso.
Magina se esquece a cor da calcinha preferida dela, seus beijos arrepiantes na orelha.
Aprenderam a não discutir. O silêncio era confortante. A fala depois do vácuo, o beijo depois da distância e o abraço depois do choro, fazia cada segundo valer a pena.
O problema foi o desaprender. Quando acordados, atordoados.
O jeito era: secretamente, fingia dormir, apenas pra ficar mais tempo olhando pros cabelos dela.
..Ainda é bem moço prá tanta tristeza.
De Par Sexual.
De Ímpar Amoroso no meio.
Aprenderam a não discutir. O silêncio era confortante. A fala depois do vácuo, o beijo depois da distância e o abraço depois do choro, fazia cada segundo valer a pena.
O problema foi o desaprender. Quando acordados, atordoados.
O jeito era: secretamente, fingia dormir, apenas pra ficar mais tempo olhando pros cabelos dela.
..Ainda é bem moço prá tanta tristeza.
De Par Sexual.
De Ímpar Amoroso no meio.
A rainha do anticarnaval. Nunca irá inspirar um samba.
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Punhética, do benemérito sr. Victor Sadalla
Estou farto da metida comedida
Da metida bem comportada
Da metida funcionário público com livro de ponto expediente
de revistas proibidas do Sr. Comedor.
Estou farto da metida que pára e vai averiguar no confessionário
o cu do vernáculo de um Drummond.
Abaixo os puristas
Todas as raspadas sobretudo as barbadas universais
Todas as posições sobretudo a dupla-penetração
Todos os gritos sobretudo os embriagados
Estou farto da metida namorador
Política
Fatídica
Sifilítica
De toda metida que banho-romaneia a quem vai dentro e
fora de si mesmo
De resto não é metida
Será o tamanho dos co-senos ou personal das amantes
de exemplares modelos tântricos e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes os gemidos dos loucos
O choramingo das castras
O orgasmo pungente e difícil das castras
O da banguela do cais
- Não quero mais saber de metida que ainda é punhetação.
Da metida bem comportada
Da metida funcionário público com livro de ponto expediente
de revistas proibidas do Sr. Comedor.
Estou farto da metida que pára e vai averiguar no confessionário
o cu do vernáculo de um Drummond.
Abaixo os puristas
Todas as raspadas sobretudo as barbadas universais
Todas as posições sobretudo a dupla-penetração
Todos os gritos sobretudo os embriagados
Estou farto da metida namorador
Política
Fatídica
Sifilítica
De toda metida que banho-romaneia a quem vai dentro e
fora de si mesmo
De resto não é metida
Será o tamanho dos co-senos ou personal das amantes
de exemplares modelos tântricos e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes os gemidos dos loucos
O choramingo das castras
O orgasmo pungente e difícil das castras
O da banguela do cais
- Não quero mais saber de metida que ainda é punhetação.
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
previsão do tempo
chovia forte em todo canto, menos na cidade de jaguariúna. que tem lá de especial? não sei.
sábado, 2 de janeiro de 2010
A velha a fiar
estava lá, em seu lugar, ela: a véia. eis então que vem a mosca a lhe fazer mal; a mosca na véia e a véia a fiar. estava lá a mosca bizuindo em seu lugar, e então vem a aranha a lhe fazer mal! a aranha na mosca, a mosca na véia e a véia a fiar. lá está a aranha, disse manuel, onde?, lá, oras!, ah, já a vejo... olha só, lá vem o rato! (o rato a aranha a mosca a véia).
O rato tentava se alimentar da aranha, presa na teia mas que ainda assim, inutilmente tentava alcançar à suas presas a mosca. A mosca zunia impaciente. Pousava e voava em torno da velha. Esticava a tromba. Batia asas. Voava. Eis então que vem, como de súbito, um felino implacável em sua caça, determinado, rajado de cor e que pula como o vento, das alvas patas, não manchadas do óleo que o distigue a pelagem, surgem garras, enormes presas, afiadas, apontadas sobre o nosso amigo hospedeiro da peste negra. Um amoreco de bicho. Ao gato, chamaremos-lho Jão, o gato. AO ver aquilo o vizinho que observava tudo pela fresta de porta que se abrira ao corredor do condomínio, exclamou: -o gato no rato, o rato na aranha, a aranha na mosca, a mosca na véia e a véia a fiáaaaaaa!
olha lá vem o cão correndo diz que diz ah, cão, corre pega o gato, balanganda as oreia por aí, bate a cabeça na mesa, nem liga e sai correndo babando a língua por cachecol molhando o pêlo, molhando o chão, molhando até o mar é tudo que se diz, morde o rabo do gato e diz ainda que é feliz, nem rabo tem, na época em que nasceu ainda se podia cortar a cauda dos cães por pura estética, cortem seus narizes horrendos, pensava o cão, mas cão não pensa, ele sabe instintivamente, e desse mesmo modo o cão percebe que está ele no gato, este no rato, o roedor na aranha, a aranha na mosca, a mosca na aranha, não! a mosca na senhora idosa e a mesma a fiar. (por motivos fóbicos, ansiosos, e tudo mais, não vou mais falar da aranha).
Estava a velha a fiar
Veio a mosca incomodar
Veio o mundo atrapalhar
A TV alta e a música do Jornal Nacional lhe desconcentraram, velha distraída.
Veio o pau no cachorro. o Fogo no Pau no Cão no Gato no Rato no treco no Rato no céu na Mosca na Velha. e a velha lá.
Água apaga fogo. Pedra amassa tesoura...
Veio um empresário rico engarrafá-la. A água não é bem que deveria poder ser expropriado assim:
Anno Domini 2087 - A Guerra da Água, por Folha de S. Paulo
O impasse da água se agravou hoje, com o ataque de manifestantes pró-PDA ao prédio da multinacional dos alimentos Nestlé, em Vevey, Suíça. O impasse teve início no departamento francês de Languedoque, onde terroristas colocaram sal na fonte da Perrier e saíram correndo. O líder do grupo, que se denomina Aníbal e é de origem basca, divulgou uma fita holográfica afirmando: "Nós teremos a água borbulhante da fonte para os nossos banhos semanais borbulhantes, queiram os empresários-ladrões ou não. Eu adoro quando as bolhinhas estouram nas minhas costas, e isso é um direito inalienável do ser humano!"
A embaixada brasileira em Berna confirmou que houve um brasileiro, funcionário expratriado da Nestlé, ferido no ataque, identificado como sendo o gerente pernambucano João Carlos Gomes. Seu estado de saúde é estável e ele terá alta amanhã pela tarde.
O rato tentava se alimentar da aranha, presa na teia mas que ainda assim, inutilmente tentava alcançar à suas presas a mosca. A mosca zunia impaciente. Pousava e voava em torno da velha. Esticava a tromba. Batia asas. Voava. Eis então que vem, como de súbito, um felino implacável em sua caça, determinado, rajado de cor e que pula como o vento, das alvas patas, não manchadas do óleo que o distigue a pelagem, surgem garras, enormes presas, afiadas, apontadas sobre o nosso amigo hospedeiro da peste negra. Um amoreco de bicho. Ao gato, chamaremos-lho Jão, o gato. AO ver aquilo o vizinho que observava tudo pela fresta de porta que se abrira ao corredor do condomínio, exclamou: -o gato no rato, o rato na aranha, a aranha na mosca, a mosca na véia e a véia a fiáaaaaaa!
olha lá vem o cão correndo diz que diz ah, cão, corre pega o gato, balanganda as oreia por aí, bate a cabeça na mesa, nem liga e sai correndo babando a língua por cachecol molhando o pêlo, molhando o chão, molhando até o mar é tudo que se diz, morde o rabo do gato e diz ainda que é feliz, nem rabo tem, na época em que nasceu ainda se podia cortar a cauda dos cães por pura estética, cortem seus narizes horrendos, pensava o cão, mas cão não pensa, ele sabe instintivamente, e desse mesmo modo o cão percebe que está ele no gato, este no rato, o roedor na aranha, a aranha na mosca, a mosca na aranha, não! a mosca na senhora idosa e a mesma a fiar. (por motivos fóbicos, ansiosos, e tudo mais, não vou mais falar da aranha).
Estava a velha a fiar
Veio a mosca incomodar
Veio o mundo atrapalhar
A TV alta e a música do Jornal Nacional lhe desconcentraram, velha distraída.
Veio o pau no cachorro. o Fogo no Pau no Cão no Gato no Rato no treco no Rato no céu na Mosca na Velha. e a velha lá.
Água apaga fogo. Pedra amassa tesoura...
Veio um empresário rico engarrafá-la. A água não é bem que deveria poder ser expropriado assim:
Anno Domini 2087 - A Guerra da Água, por Folha de S. Paulo
O impasse da água se agravou hoje, com o ataque de manifestantes pró-PDA ao prédio da multinacional dos alimentos Nestlé, em Vevey, Suíça. O impasse teve início no departamento francês de Languedoque, onde terroristas colocaram sal na fonte da Perrier e saíram correndo. O líder do grupo, que se denomina Aníbal e é de origem basca, divulgou uma fita holográfica afirmando: "Nós teremos a água borbulhante da fonte para os nossos banhos semanais borbulhantes, queiram os empresários-ladrões ou não. Eu adoro quando as bolhinhas estouram nas minhas costas, e isso é um direito inalienável do ser humano!"
A embaixada brasileira em Berna confirmou que houve um brasileiro, funcionário expratriado da Nestlé, ferido no ataque, identificado como sendo o gerente pernambucano João Carlos Gomes. Seu estado de saúde é estável e ele terá alta amanhã pela tarde.
qualquer música
qualquer moça
qualquer dia
qualquer um
qualquer música.
toca a minha vitrola, troco a minha vitrola, toca na minha vitrola, toca, troca.
qualquer dia eu compro um piano.
(ou pianola)
qualquer dia
qualquer um
qualquer música.
toca a minha vitrola, troco a minha vitrola, toca na minha vitrola, toca, troca.
qualquer dia eu compro um piano.
(ou pianola)
Assinar:
Postagens (Atom)