segunda-feira, 13 de julho de 2009

na esquina

Eu acredito no trovador deste cunhal que canta dos bens a vir.
Ele então pede um trocado e eu lhe dou todo meu dinherio amassado,
porque o bem está mal e o trovador ri com sua cara-de-pau.
Ele então canta com alegria e harmonia, de sorte com o montante,
que eu sou nada além de um fingidor, de modo geral,
sentimental, arrogante.
Eu o olho de baixo para cima e acho sua barba de brancura da prata,
mal-lavada, que reflete o meu rosto, sem sal, sem gosto,
e vejo nos meus olhos a felicidade de tempos atrás,
quando tudo era modesto e eu um rapaz,
e eu não precisava me afogar neste troar.

Eu não finjo.

Um comentário:

Fernando disse...

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.