domingo, 25 de outubro de 2009

d. inês de castro (episódio lírico da obra)

leve inês longe à castela, donde hai tantos pinhos e serras que pedro não ousaria cortar-se por tão medíocre moça. mas pedro brada, estai louco por tua fidalguia, tens nas orelhas os cochichos maltrapilhos del-rey de espanha, doutros que aqui habitam talvez, que lhe valem mais que teu filho? eis me aqui, já todo sangrando e tu não o vês?

Infante Pedro, que outrora seria príncipe da beira, manda-a vir de albuquerque agora que mataste constança de desgosto, e vá, casa, esbofeteia El-Rei com luva de cetim; e agora, vindos d'Oporto e abençoada por R. Sta. Isabel e Sta. Clara, assassina-se inês de castro, evitemos aqui frases muito conhecidas, tendo o mondego por testemunha de tal ato, mas o rio fingiu que não viu, disfarçou e fez que estava manchado de molho, só isso.

Eu, D. Pedro I, oitavo rei de Portugal, aniversariando um dia antes do autor deste texto, sangrei e fui drenado. Que sejam tomados de seus corações os cães a que se chama de diogo, álvaro e pero! ao menos não tereis vós que viver sombriamente como os céus me obrigam, eu, Rei de Portugal, tão frutífera terra, assisto as traças e vermes que me devoram e na minha barba têm seu ninho, e assim me sentiria bem, se pudesse sentir o que fosse; como estou, sou mais como inês; dona rainha inês de portugal, a galega, a rainha morta - e o seu rei que jaz sobre as próprias pernas.

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