quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Ensaio sobre a reticência

Pode chorar sobre o que quiser que o mundo não vai parar de cair, se é que cai
Sobre potes e vasos janelas e panos já molhados.
Sobre os espaços vazios de uma trincheira, não adianta chorar que a terra absorve, chupa a água como faz a moringa recém-estreada, a trincheira se alimenta do teu sal e da água que deixas que caia, só vai lhe dar mais sede, e então começa a embolar palavras, e mal-conjuga os verbos como eu, eles não concordam mais...

...e tem gente que ainda escreve cartas...

Ensaio sobre a reticência

...as reticências exprimem certa conformação de quem diz, deixa que passe, deixa passar...
...trazem em si paz melancólica de quem é paciente tal qual um chinês.

Ao contrário de si mesma, a reticência representa o velho que eu pareço andando por aí com este guarda-chuva por bengala, sob um céu que chove-não-molha... apesar de deixarem ao infinito, como o jovem pensa que vai, logo morrerão?

Não, pois só se morre jovem; quando velho, morrer é a vida. Velhos tendem ao infinito.

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