segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Jeans na rua

Um dia..

Um dia larguei minha casa com jardim lá na mooca.
Um dia larguei meu emprego de professor de português.
Toquei guitarra até o sol nascer.
Malhei. Cherei coca.
Agora eu sou feliz. Sem dinheiro, sem nariz.

Um dia larguei minha namorada maravilhosa,
Um dia larguei de ser certinho.
Dancei little richard até o sol se por.
Bebi cerveja. Comida oleosa.
Agora eu sou feliz. Sem caráter, só ris.

domingo, 29 de novembro de 2009

(huxley) carta aberta da imprensa

Boas tardes, bons amigos, ouvintes, telespectadores, compradores e outros tipos de inertes: a imprensa vem por meio da presente carta aberta aos globais anunciar o fim da dor.

Vencida a guerra, curadas as feridas, e, graças ao governo que eu sou obrigado a elogiar para não perder minha licença de transmissão, garantida a nossa liberdade de compra e venda, oferecemos à vocês, em cinco canais (notícias, esporte, dramaturgia, blockbusters e hits do momento), três estações de rádio, um jornal impresso de grande circulação, além de um grande portal na internet munido de correspondências com o NYT, El País, El Clarín, The Daily Telegraph e outros bastiões da livre-expressão. É essa nossa contribuição para que você, cidadão de bem, se mantenha sempre conectado ao mundo, se globalize, vá além de sua sala de estar, esteja sempre bem informado, podendo participar das decisões do dia a dia; afinal não é valiosa a informação? Quanto vale pra ti? A informação é propriedade privada nossa, mas por somente R$149,90 mensais nos primeiros 3 (três) meses; promoção válida até 31/01/2010 você pode se afogar em notícia, criar barriga lendo nossa seção Saúde & Bem-Estar e infartar aí mesmo, na sua cadeira de rodinhas, no conforto do seu lar.

A: Srs. Civita, Frias e Marinho

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

(orwell) Carta dos Povos

CAROS CONCIDADÃOS, por virmos nós sendo ameaçados, é nesta data declarada guerra aos sabidos inimigos desta pátria. Nossa bandeira não pode mais ser hasteada a meio pau por homens que conhecem a liberdade e dela fogem. Ontem, uma data cujo som retumbante badalará tal qual um enorme pendulho nos sinos pesados da História, fomos deliberadamente atacados. Cinco civís foram mortos numa lastimável ação sorrateira, como é de costume ser feita por povos tão baixos. Nunca mais, cidadãos, nunca mais! Que se faça de seus nomes nosso lema! Da calota polar ao sol cinza de Calais nós lutaremos pela garantia de um mundo livre, onde possa o capital acumular e o trabalhador, trabalhar; onde floresça da terra a mais bela flor, uma rosa vermelha, e possamos erguê-la unidos, extrair dela o perfume, diluir, adicionar corante ponceau 4R INS124 ou outra laca rubra e vender às colônias em frascos bonitos de vidro feito no Espírito Santo do Brasil. Que bebam.

Acredito sinceramente que é a vontade dos homens do Congresso Nacional e do povo manchar o que resta de alvo no nosso estandarte com sangue (ou outra laca encarnada). Levando isso em consideração, declaro doravante fechada a Casa de Representações e reabertas as antigas Comissão Moralizadora da Imprensa e Polícia da Ordem Social. É para o bem do trabalho que protocolo tais atos, pelo poder investido a mim, durante o período beligerante, como chefe-em-comando e Generalíssimo das Forças Armadas, pela anulação da Constituição Nacional. Ratifico em anexo (Ato Beligerante nº1).

Dos Urais à foz do Tejo, reinaremos soberanos! Do Cabo da Boa Esperança à Juneau! Nossas gloriosas fábricas levarão o progresso e a felicidade a todos os povos, dos filipinos aos xavantes, dos suomi aos suáli. Povos do Oriente, tremei diante de nossa Marinha.

Este país é soberano, e que venham mais mil anos de vitória.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Fila para o abate

Uuuuuh

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Didot, o pensador

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

a triste morte de um artista

perdido nos contos de fins de dia, ao invés de brochuras sobre o fim dos dias, é fácil tropeçar no caminho escuro dessas calçadas tão esburacadas.

é fácil a vida do pintor cego. morreu feliz. não choramingava sobre as cores erradas; não tratava de flores, estradas, geometria, nem nada.

No seu funeral, não havia coroas. Nem de flores, nem velhas de fato, nem mesmo honras de estado, ou da academia, podia muito bem nem ter vivido, mas ah, foi feliz... que coisa grande foi essa, um artista satisfeito.

é fato que há ainda a redenção

terça-feira, 17 de novembro de 2009

loirinha nº 4 (marília por dirceu)

essa loirinha tem gosto de amarena, cabelo cor de marula
e uns olhinhos cor d'água do mar que, ah, é uma pena
que passeie assim por aí sem ver o mar, lá de jundiaí, sem nem saber onde vai bater, onde vai parar
sem nem deixar que eu segure a sua mão...

essa moça não usa batom, mas suco das mais bonitas frutas do Pará;
aqueles olhinhos, na sombra, vão de repente à um inesperadíssimo azul-mirtilo.
essa moça dá banda por aí, nem vê que é tão preciosa...
e quando a chamam de pé de ouvido 'bonita',
deve ficar toda corada, fica toda querosa.

domingo, 15 de novembro de 2009

Cláudio, o calopsita

Era uma vez











Cláudio


























o calopsita












































Cláudio, o calopsita























era amigo







































de Marílson















































a maritaca






















































Certo dia















































Cláudio, o calopsita









































e























































Marílson, a maritaca




















































foram no show

























































do Rod Stewart


























































































o curió






























































































no show











































































do Rod Stewart, o curió























































Cláudio, o calopsita































































e























































































Marílson, a maritaca






















































































































































viveram felizes para sempre

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Noturno da moça que me maltratava

todos os nomes estão neste só;
todas as dores, nesta moça que é tão só.
todas as cores dos cabelos, neste nome tão pequeno, tão só
todas as cores do seu estojo da staedtler...

canta e dança como se viesse do infinito
a um ponto qualquer
se é que há qualquer ponto
se é que quer...

eu acho mesmo que você nem existe...

A gente entende

apesar dos idiomas, das vestes e emblemas
distintivos medalhas de honra
é bom que você entenda:

apesar das moças, dos carros, das empresas e bens de capital
e das boas relações no senado federal
é consumado o que quer que seja;
é bom que se entenda:

apesar dos ensinamentos e confissões
dos roubos de malandros às caixinhas de tostões
a gente se entende, dado que:

-é bom ser tão cordial depois de um dia de trabalho.

Em: como ser breve

Ela espia pelo canto do olho, por cima do ombro e.."porque tu é assim?"
...Por um bocado de coisas que não tão na ponta da minha língua.
Eu poderia tentar alguma resposta de efeito,
mas só me viria algo bom na cabeça uns dois minutos depois.
Digo nada.

Ai tu vai embora e leva contigo, as tuas pernas lindas, meu estado de espírito..

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Sem titulo

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Irène de Cahen d'Anvers

Seda e Veludo

É a Seda, é o Veludo.
Sinto como ontem;
Sinestésico: cheira a macio;
Macio de pele, do perfume.
É a queimadura, de pele e de alma;
queimou, aqueceu
e deixou escarlate o olhar;
Enrubresceu o toque.
Tocava, sentia e pensava em tom de vermelho...
Aliás, sinto, e como ontém!
Vislumbro imagens e rebusco.
De fato, quero lembrar!
Procuro, mais e mais,
pelo som, pelo tom,
nota de mulher,
musical como a íris,
do arco e da costela.
Quero sentir o céu,
daqueles bem carmim.
O cheiro do poente,
cheiro do que era e é,
Veludo e Seda,
harmoniosos, dentro do abraço.
Couro, pele
macios, femininos.
Cabeça recostada num cantinho,
no sofá comido, torto.
É direito e gauche, ao mesmo tempo.
Como o duo que me tocou lá.
Era calor do Sol que queimava,
queimou a alma, marcou;
Atritou mas não doeu.
Não doía, dói é agora, de saudade,
da Seda e do meu Veludo.
Queimou sim,
aqui e ali.

Te ligo na madrugada...um regurgitamento foakeanista.

Quão frustrado é o azul dos blues noturnos.
Ninguém o ouve, ninguém o nota, um dia de calor passou,
a noite sem frio, na chuvinha, um cálice de velho jack.
Constato um milhão de coisas aos fios de prata que me penumbra.
Meu bafo atravessa a cidade vazia, que dorme, fode, dorme.
As taras que saem das sombras, a noite que inspira coragem.
Chega uma voz ao meu ouvido, meu imaginário barman sussurra algo,
enche meu copo, abre a porta e deixa ela sair, com lágrimas nos olhos.
Odeio ver mulher chorar.
Elas curtem o estilo largado, sabem que somos largados, de bar em bar..
e quando percebem a roubada, pulam do barco..
E a literatura, a música, a poesia, o rock..
só fez de mim um vagabundo catedrático.
Meus heróis morreram de overdose o caralho nenhum,
meus heróis são tudo que não quero ser.
A santa tríade - vinho de garrafão, rock’n roll e foda -
está aqui para o bem coletivo das mentes que não unem beleza ao dadaísmo,
Não dizem 'genial, genial' ao que não é.
Não escrevo para pegar menininhas.
Não sei estudar, não sei cantar as garotas, não sei jogar bola...
Sento e escrevo para manter a insanidade necessária,
pois sinto a falta que ela faz.

olha

olha lá o trem que vai passando... américa latina logística.
olha só a chuva que o céu nos arma... e olha,
lá em cima do morro uma árvore toda desfolhada de vento, no meio da primavera...
olha o sol que entra na janela...
agora me olha, e diz de novo o que disse.

olha lá, a serra da cantareira
olha lá, a favela que ninguém sabe o nome
ninguém sobe o morro
ninguém sabe a fome
que dá pra passar
fazendo piquenique de bar em bar.

olha lá... é só o mar... o bairro de lata.

olha lá, o mangue e a palafita, o aterro mal-feito, uma despedida...
olha... imagina uma diadema bonita, uma tiara de flores, na palafita...
olha lá, imagina.

Eu só olho a garça recostada no vento catando manjuba do canal.
Eu só olho de graça se for um recanto, um empório, uma vitrina viva de moças pálidas
só o que for bonito. só o mar.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

terça-feira, 3 de novembro de 2009

a bordo.

Tantos quartos quanto os quadros que lhes penduram; sem janelas de visão, só ranhuras por fenetras de cheiro de sal e barulho d'água. Não tenho enjôo de fato, só vomito por ritual de iniciação de mim mesmo na vida marítima, na pia da cabina; a gaveta do criado-mudo abre, fecha, abre fecha... é no balanço do mar.

Saindo no covés. Vê-se logo a silhueta de uma moça lá por cima dos containers, uma moça que a cada passo, de sólida se desmancha no ar pra ser toda feita de novo toda vez que a lua sai de trás da nuvem larga e deixar brilhar de si tudo que se brilha numa moça; a moça sobe pela escada de corda, corre até a popa e se deixa estraçalhar na hélice. Ela não olha pra trás, ela não deixa de olhar pra algum lado, ela olha pra esquerda e repara uma mancha no pinho do chão do MSC Leigh.

Ainda viva, com o intestino numa mão e a outra perdida, tem sorte de não haver tubarões nessa bacia de Santos. A não ser que os hão. E hão.

domingo, 1 de novembro de 2009

hard boiled

Desculpe-me pelos meus modos, onde estava minha cabeça?
não seremos nada aquém de prolíficos enganadores,
multiplicando nossos discursos laxantes e subentendidos sem penitência.
não superaremos nossas metas...
pensando bem, vamos sequer traça-las.
É assim que me candidato ao cargo de presidente de todos conseqüentes da profanação.
Desbancarei meus clones malfeitos, me tornarei um verdadeiro senhor do êxito.
E, para todos os contidos da platéia, botarei à fuder tudo e todos.
começando aqui.

muito obrigado.

[e assim, Ovaldo tornou-se o prefeito mais casca-dura da cidade de cascavel]