sábado, 19 de novembro de 2011

quando é que o dadaísmo vai chegar à alta cozinha
e então nesse dia meleca de nariz passa a ser um fino trato
que poeta infantilizado...

DO NARIZ dos mais distintos chefs.
terroir do semi-árido.
leilão na christie's um potinho de catarro
do nariz da claudia schiffer
conservado em azeite trufado
no supermercado entre as azeitonas na salmora e as alcaparras
-meleca de nariz manzanilla da espanha
oferta da semana.

Fazendas de gente genética modificada bebês in vitro GRANDES NARIZES sem corpos produtores de nhaca;
CATOTA!

Semeia o resfriado!

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

funcionários do bradesco

de manhã a primeira coisa que se faz é a barba
pra lembrar logo de cara a aflição que é o mundo te arranhando
fora do quarto alugado
como se fosse uma medusa oca que abraça o batente da sua porta
e te acaricia com os milhões de tentáculos de ponta de arame

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

venta muito

domingo, 25 de setembro de 2011

jantei um omelete de ovos envenenados na beirada da janela
esperando pra cair na varanda

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

como vai tudo bem

como vai tudo bem
como vai bem obrigado só queria que tudo fosse um pouco mais alto a little bit louder mentira que eu queria tudo alto pra caralho but i don't have a good sound system anyways i wanted the guitar to be louder and muffle the carpet and not the opposite eu queria que o wagner tivesse escrito tudo em fortíssimo só agora e morra isolda morra

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

trocadilhos nos títulos das minhas músicas

sábado, 6 de agosto de 2011

santos é uma cidade cansada da discussão terminando o último copo antes de ir pra casa.
uma cidade sem argumento, utilitária e absurda ao mesmo tempo.
espalha os braço num vento fedido
santos tempo
santos um abraço macio e te cospe na cabeça.
uma ilha de antes que eu me esqueça
ruidoso vulcão duro emergindo lutando contra o brasil e o oceano ao mesmo tempo; santos tempo

sábado, 9 de julho de 2011

mil aparições negras esguias se arrastam
velam o meu sono
o rosto de aparição católica de cerâmica fria aprece estampado em todos os nós de madeira de cada porta e cada móvel cada estalo do andar
em cada canto que o olho não alcança um corpo morto enforcado
anjos de granito verde escuro me embalam
mil pessoas mortas em volta do meu leito todas de pé me encaram do centro de suas sombras
barulho de moto e riso são cartas desmanchadas no leite eterno da mãe celeste
a perfeição que amedronta e atormenta
um jogo de lembranças
mil aparições católicas deslumbrantes num choque de abrir a janela o alumínio frio e são francisco de assis
um aquário de peixes entumecidos de prata líquida e algodão todo eles recitam:
"moça estuprada pelo vento que sai de mim"
camponesa
eu não consigo
mil
móveis
cantos

sábado, 18 de junho de 2011

t:

-ele não mora mais aqui faz tempo tá grandinho

queria eu ser homem grandinho! eu lhe telefono para oferecer serviços, quisera eu oferecer saudades! quisera eu poder ser vaidosa meu uniforme é cinza! queria uma modinha serenata na minha janela palacete colonial quisera eu trabalho de noite e volto pro meu apartamento no BNH quisera eu! quisera! maquiagem rosa forte

o assalto nos tempos do COLLOR

devia ser uma merda impossibilitada a correção pela inflação

quinta-feira, 2 de junho de 2011

as casas bahia gritam mentiras mal-disfarçadas pra dentro da minha casa enquanto eu corto um queijo com toda a parcimônia
foda-se
meus móveis nem são meus

quarta-feira, 1 de junho de 2011

do lado esquerdo do seu corpo desembainhou a mão destra vazia à altura dos seus olhos
e a observou cair numa brancura infinita do seu braço
a cada nova fatia, o queijo revela de si uma nova face nunca antes vista, mais esbranquiçada ao centro ou mais amarela, numa ferida exposta um talho numa tábua de pia;

segunda-feira, 23 de maio de 2011

brasil!

paulista povo pingüim

quinta-feira, 5 de maio de 2011

sartre nos visita no meio da madrugada (monólogo de um abujamra jovem)

noites frias em que masturbo até secar
noites frias nas quais sair das cobertas é de novo um novo parto ser expelido no frio do mundo berro alto e choro, esperneio e me conformo;
todo mundo só quer um aconchego

todo mundo só quer um pouco de carinho

domingo, 1 de maio de 2011

santos

construam por sobre a terra de santos
quantas lápides quiserem
as mais altas, ver qual terra morre mais

Em Santos não existe mais chão

Santos um grande cemitério, o cemitério dos santos todos unidos
onde se enterra presidentes, advogados do largo de são francisco
enterra-se livros
enterra-se em santos todos os que ali mesmo morrem sufocados
santos santos terra sem nada um grito que não ressoa uma ressonância sem grito santos dos comunistas mortos e dos quase ricos
cidade sem sotaque
sem cinema mais nenhum.

terça-feira, 26 de abril de 2011

foakeanismo

frase defeito

segunda-feira, 25 de abril de 2011

música: lucia's glowstick





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voz de ikram lucia basi
texto de karin boye


Ja visst gör det ont när knoppar brister.
Varför skulle annars våren tveka?
Varför skulle all vår heta längtan
bindas i det frusna bitterbleka?
Höljet var ju knoppen hela vintern.
Vad är det för nytt, som tär och spränger?
Ja visst gör det ont när knoppar brister,
ont för det som växer
och det som stänger.

Ja nog är det svårt när droppar faller.
Skälvande av ängslan tungt de hänger,
klamrar sig vid kvisten, sväller, glider -
tyngden drar dem neråt, hur de klänger.
Svårt att vara oviss, rädd och delad,
svårt att känna djupet dra och kalla,
ändå sitta kvar och bara darra -
svårt att vilja stanna
och vilja falla.

Då, när det är värst och inget hjälper,
Brister som i jubel trädets knoppar.
Då, när ingen rädsla längre håller,
faller i ett glitter kvistens droppar
glömmer att de skrämdes av det nya
glömmer att de ängslades för färden -
känner en sekund sin största trygghet,
vilar i den tillit
som skapar världen.


ENGLISH

segunda-feira, 18 de abril de 2011

música: desperta

Voz de frau Mari Von Zuben, piano de signor Giancarlo Staffetti







quais olhos
me cercam como um papel de parede
estampado de hibiscos
me embrulham, rasgados, rabiscos
pintam a minha casa;

enlaço um acaso na nuca
atraso um pouco, chego quase agora,
- tua boca é uma flor -
na nuca a unha o dente na carne crua: logo de manhã!

Desperta!

Acorda! a lua tua vida muda minha sua
Rasga os meus olhos também!
Me sangra o rosto com a tua boca!
finge que o lábio que eu tenho é o mesmo lábio que tu tem;

Desperta!

terça-feira, 12 de abril de 2011

hoje de manhã eu tive que lavar duas taças de vinho
ontem de manhã eu tive que tomar um gole d'água
aí antes de ontem eu lavei duas taças de vinho:
uma de branco outra de tinto
hoje de manhã eu lavei duas taças de tinto.

domingo, 10 de abril de 2011

Julgamento Impiedoso na Igreja de Machina

Não funfa mais!
Não funfa mái porra ninhuma!

quarta-feira, 6 de abril de 2011

cabe tudo debaixo desse manto estrelado
todos nós cá abrigados estamos
todos nós dois.

anton webern

quando eu era criança bem criança
e ouvia o trem passando
ecoando o silêncio da madrugada
ressoando no nada o trilho metal contra metal
eu pensava que era deus tocando flauta

agora nesse mato seco
esplanada
eu vejo cada estrela
o céu nunca nubla
cada estrela tem um som
e eu penso: Anton Webern

domingo, 3 de abril de 2011

bicicletas

as bicicletas nas paredes as bicicletas na calçada as bicicletas debaixo da bunda deles
as bicicletas
as bicicletas voam

quinta-feira, 24 de março de 2011

todo fim de mês eu venho aqui correndo pra não dizer que não escrevi quase nada
mas tem gente que nem liga pra data.

sexta-feira, 11 de março de 2011

suspira
fala:
eu sou um escritor sem palavra
eu sou um escritor que engasga na própria imagem de ser
mal penso
contudo eu termino contudo
joão
como começar contudo
como trazer do silêncio e ler, do ar vazio
um pedaço de poeira que dança
e fazer palavra - a porta bate.

há vácuo, aumento súbito de pressão num quarto trancado
do tamanho dum quarto trancado um som, uma barra de aço e o céu detrás
explode e devasta o nada
como começar contudo, nonada
eu não lembro de nada do meio
mas como começar contudo, nonada
como começar a história 'a história'
ou deitado he lay flat on the ground.
quando eu sair daqui - começar como
como começar errado, já trancado

:eu estou trancado. a porta abre
a porta fecha
comecei mal.
tudo é estático e venta
como começar história se não tem história do vento
como começar contudo do vento
como começar o tempo e o vento
venta vento
escreve escriba
e o teu sensível dá nó dá nó sensível nó nomeia prado nomeia morro nomeia eu no meio danço e quem dança, a bailarina trôpega e bêbada já no fim da madrugada dança triste porém dança, contudo dança o salão alumiado de breve dança como se adiantasse algo que fosse, danço eu o salão é vazio, sem música, a música é colocada depois no estúdio mas ela dança sozinha e depois que ela dança o vento continua sendo nada o vácuo bateu a porta enquanto ela dançava mas ela não ouviu bateu bem devagar.
a bailarina bêbada tropeça num compasso sete por oito, eu já esperava
e aí ela dissolveu no ar
espedaçou-se em um tantão de pedaço de poeira viva
imagina agora um sol quentinho meio frio de seis horas da manhã
uma casa antiga belle epoque, um chão xadrez branco e preto, o alto de um morro, o monte serrat. que escritor horrível eu sou.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

remodelagem das travessias da avenida dois/pça henfil/roxo

atravessei a rua tropecei no meio fio olhei prum lado o outro olhei não
molhei o pé na tampa do bueiro que era mais baixa do que o recém concretado novo nível no vêio velho do chão de concreto calçada molhei o pé não porque estava descalçado chovia tanto que me encharcou e então esmaeci.

lívido, livo, liver, livro, leave listo morri no meio-fio branco e preto um fio inteiro trançado à mão, um filme inteiro lançado ao chão, descortinando no chão, o chão, o chão de pedra moída, o chão de brita, o chão de brilho o chão delito um fio inteiro feito à mão um meio de caminho um meio de comunicação é um fio esticado duas latas de ervilha um chão um fio liga à outro fio um pai e um irmão um meio fio tropeça alguém sem nadie morre no meio fio, concussão;

E NA MÃO UMA FOLHA LIA:
Ah! Perfídia! PERFÍDIA DO AMARAL<>23 ANOS AO MORRER
Nº de tombo - B869.35 R354v

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

o poeta silencia:
palavras são só ensaios pra flauta e fagote
num mundo mahleriano de sinfonia

o poeta quase rima
e emite a nota fiscal;

a lista de compras sua no bolso de trás
sal

o poeta dorme a sesta
embaixo da mesa de centro

o poeta é uma bomba de pimentão assado
uma pedra que quebra a janela do banco do brasil
vários poetas tarados

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Where is
Mogadiscio?
Who is
Ishmael?

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

o avião caiu
em cima do meu dedo
de tanta poeira que acumulou -pesada

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

beduíno

eu sou um beduíno;
errando pelo caminho.

o erro é a única saída da realidade, um tropeço e você cai num lugar que não é mais o mesmo.

muita pieguice esse negócio de colocar ensinamentos num blogspot.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

ballerina bêbada
ballerina trôpega

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

carros japoneses (toyota etc

um pouco de ar fresco invade os pulmões de quem se deixa inflar um pouco
um pouco tanto dispersa acorde agora veja a aula a cadeira carteira fórmica branca azulada te mande um beijo um tanto quanto pouco
um brinco pérola uma pomba uma outra pomba paloma juntas acordam agora arrulhando a janela de alumínio branco azulado
um céu azulado tanto quanto uma pomba acordada inflada de ar atmosférico termoesférico acordado.
um tchau da janela um pedaço de planta arrancada do vaso um tanto quanto um mato um naco ar fresco venta forte é quente noroestão deixa inflar um pouco a casa.
acordo às trÊs da tarde aos berros as buzinas em cânones da avenida um coral acordes urbanos um tanto quanto exótico

E EU NADA

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

aipo

domingo, 9 de janeiro de 2011

poeminha

Do infinito a um ponto qualquer
Me esgueirando entre frestas em suas roupas
Florestas de nuvens e jovens moças,
Me recordando do desejo de esquecer.

Meu coração sangra por ti
De sangue encarnado como teus cabelos
Emolduram teu rosto os meus desejos
De ternura ou indecência.

Durante as noites mal dormidas
De insônia eu te chamava em várias línguas
Versando palavra por palavra, em vão desespero,
Minh’alma pela metade; dando-me por inteiro.
é bonito o que é sincero:
o ódio, a mentira, a obsessão
as poesias do colegial
que a gente faz imitando os cânones da aula de português
e entrega pra menina sincera também
esquece de assinar

domingo, 2 de janeiro de 2011

crianças bilíngües

if a droplet of rain
crosses morning sky
how beautiful a rainbow
for all children's eyes

se uma gota de chuva
pinga na goteira dentro do seu ouvido
ai que gostoso - uma otite

la
la la la
la la la
la la la.