domingo, 31 de janeiro de 2010

da varanda

Um grande homem abriu sua janela e viu a si mesmo sentado em sua cadeira. se assustou, andava tão magro.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

quod erat demonstrandum

finn

é quentinho até, no verão;

finlândia

é mesmo um lugar muito frio (no inverno).

o resto da europa

não me dá poesia nenhuma.
eu só vim de um cantinho só.

minha pátria é essa língua toda torta. que eu mesmo entorto.

eu mesmo deixo isso tudo do tamanho de uma coisa só, toda a junta.

tacet

tacet est un terme

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

tudo isso

(sic)

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

valsa sobre o belo danúbio outrora azul, hoje poluído.

talvez seja um par, dança pra lá, dança pra cá;
talvez com mais dois, lá, cá;
talvez com mais três, mais cinco: mais seis.

finlandia

acho que não sei mais escrever;
começo a juntar a com a, ä com v
mas isso aqui não existe.
isso não existe aqui.
não existe nada aqui.
aqui não existe nada.
aqui só existe o que eu existo junto: uma cadeira e uma caneta
uma garrafinha e uma flauta.
aqui só existe o que não existe: desobjetos jogados pelo não-chão.

sábado, 23 de janeiro de 2010

das lied von der Homer

veni, veni, creator spiritus
mentes tuorum visita
talvez outra hora, talvez outro dia
que agora cansam as vistas minhas tristes minhas todas minhas a minha espinha

as minhas espinhas

cansam

eu agora sou quase grande e não tem ninguém aqui pra ver.

domingo, 17 de janeiro de 2010

música: Sinfonia das Árvores Gigantescas

(aos meus coleguinhas foakeanistas)

este blog que nunca se autorrefere não tem muitos leitores, talvez nenhum, talvez nem eu. então eu os invento; hoje inventei que vocês, queridos leitores devem ter notado minha constante ausência nessas semanas, os erros de alguém que escreve apressado nos textos que não foram deixados em meros títulos e tudo mais. é que joão acordou e o cachorro latia, joão abriu a porta e o sonho existia. é que eu estava a trabalhar nisto que se segue:

Sinfonia das Árvores Gigantescas (suíte sinfônica em 4 movimentos):

1º Movimento: Prelúdio às Árvores Gigantescas




2º Movimento: 'O Ipê-Amarelo' (em duas partes):

Parte I: Variações sobre o Tema da Oferenda Musical de Bach




Parte II: A Corruíra



A corruíra canta seu canto lá da copa, te agarra e te leva à praia. Um chôro na praça do Aquário. Uma morena passa e não há quem não torça o pescoço; nem o diabo resiste.

3º Movimento: 'A Ciranda do Diabo Triste'




4º Movimento: Manhã, Praia do Gonzaga



(fuga)

-Lucas Rodrigues Ferreira

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

frase de efeito

! ohhh

homem e mulher os criou

estala um ovo e diz que me ama, meu querido

--

cidade nenhuma há de me engolir, posta a minha grandeza
essa que atrapalharia todo um processo de deglutição nas gargantas da metrópole.
então eu consigo andar por aí e ainda olhar pra cima. e voltar e nunca mais voltar.

cidade não tem dente. a cidade é banguela e frase de efeito

sábado, 9 de janeiro de 2010

A volta do meloso.

Magina se esquece a cor da calcinha preferida dela, seus beijos arrepiantes na orelha.

Aprenderam a não discutir. O silêncio era confortante. A fala depois do vácuo, o beijo depois da distância e o abraço depois do choro, fazia cada segundo valer a pena.
O problema foi o desaprender. Quando acordados, atordoados.
O jeito era: secretamente, fingia dormir, apenas pra ficar mais tempo olhando pros cabelos dela.
..Ainda é bem moço prá tanta tristeza.

De Par Sexual.
De Ímpar Amoroso no meio.

A rainha do anticarnaval. Nunca irá inspirar um samba.

cidade nenhuma há de me engolir

posta a minha grandeza.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Punhética, do benemérito sr. Victor Sadalla

Estou farto da metida comedida
Da metida bem comportada
Da metida funcionário público com livro de ponto expediente
de revistas proibidas do Sr. Comedor.
Estou farto da metida que pára e vai averiguar no confessionário
o cu do vernáculo de um Drummond.
Abaixo os puristas
Todas as raspadas sobretudo as barbadas universais
Todas as posições sobretudo a dupla-penetração
Todos os gritos sobretudo os embriagados
Estou farto da metida namorador
Política
Fatídica
Sifilítica
De toda metida que banho-romaneia a quem vai dentro e
fora de si mesmo
De resto não é metida
Será o tamanho dos co-senos ou personal das amantes
de exemplares modelos tântricos e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes os gemidos dos loucos
O choramingo das castras
O orgasmo pungente e difícil das castras
O da banguela do cais

- Não quero mais saber de metida que ainda é punhetação.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

previsão do tempo

chovia forte em todo canto, menos na cidade de jaguariúna. que tem lá de especial? não sei.

sábado, 2 de janeiro de 2010

A velha a fiar

estava lá, em seu lugar, ela: a véia. eis então que vem a mosca a lhe fazer mal; a mosca na véia e a véia a fiar. estava lá a mosca bizuindo em seu lugar, e então vem a aranha a lhe fazer mal! a aranha na mosca, a mosca na véia e a véia a fiar. lá está a aranha, disse manuel, onde?, lá, oras!, ah, já a vejo... olha só, lá vem o rato! (o rato a aranha a mosca a véia).

O rato tentava se alimentar da aranha, presa na teia mas que ainda assim, inutilmente tentava alcançar à suas presas a mosca. A mosca zunia impaciente. Pousava e voava em torno da velha. Esticava a tromba. Batia asas. Voava. Eis então que vem, como de súbito, um felino implacável em sua caça, determinado, rajado de cor e que pula como o vento, das alvas patas, não manchadas do óleo que o distigue a pelagem, surgem garras, enormes presas, afiadas, apontadas sobre o nosso amigo hospedeiro da peste negra. Um amoreco de bicho. Ao gato, chamaremos-lho Jão, o gato. AO ver aquilo o vizinho que observava tudo pela fresta de porta que se abrira ao corredor do condomínio, exclamou: -o gato no rato, o rato na aranha, a aranha na mosca, a mosca na véia e a véia a fiáaaaaaa!

olha lá vem o cão correndo diz que diz ah, cão, corre pega o gato, balanganda as oreia por aí, bate a cabeça na mesa, nem liga e sai correndo babando a língua por cachecol molhando o pêlo, molhando o chão, molhando até o mar é tudo que se diz, morde o rabo do gato e diz ainda que é feliz, nem rabo tem, na época em que nasceu ainda se podia cortar a cauda dos cães por pura estética, cortem seus narizes horrendos, pensava o cão, mas cão não pensa, ele sabe instintivamente, e desse mesmo modo o cão percebe que está ele no gato, este no rato, o roedor na aranha, a aranha na mosca, a mosca na aranha, não! a mosca na senhora idosa e a mesma a fiar. (por motivos fóbicos, ansiosos, e tudo mais, não vou mais falar da aranha).

Estava a velha a fiar
Veio a mosca incomodar
Veio o mundo atrapalhar
A TV alta e a música do Jornal Nacional lhe desconcentraram, velha distraída.
Veio o pau no cachorro. o Fogo no Pau no Cão no Gato no Rato no treco no Rato no céu na Mosca na Velha. e a velha lá.

Água apaga fogo. Pedra amassa tesoura...

Veio um empresário rico engarrafá-la. A água não é bem que deveria poder ser expropriado assim:

Anno Domini 2087 - A Guerra da Água, por Folha de S. Paulo

O impasse da água se agravou hoje, com o ataque de manifestantes pró-PDA ao prédio da multinacional dos alimentos Nestlé, em Vevey, Suíça. O impasse teve início no departamento francês de Languedoque, onde terroristas colocaram sal na fonte da Perrier e saíram correndo. O líder do grupo, que se denomina Aníbal e é de origem basca, divulgou uma fita holográfica afirmando: "Nós teremos a água borbulhante da fonte para os nossos banhos semanais borbulhantes, queiram os empresários-ladrões ou não. Eu adoro quando as bolhinhas estouram nas minhas costas, e isso é um direito inalienável do ser humano!"
A embaixada brasileira em Berna confirmou que houve um brasileiro, funcionário expratriado da Nestlé, ferido no ataque, identificado como sendo o gerente pernambucano João Carlos Gomes. Seu estado de saúde é estável e ele terá alta amanhã pela tarde.

qualquer música

qualquer moça
qualquer dia
qualquer um
qualquer música.

toca a minha vitrola, troco a minha vitrola, toca na minha vitrola, toca, troca.

qualquer dia eu compro um piano.

(ou pianola)