terça-feira, 30 de novembro de 2010

carta: ciao

eu queria chorar mas só suava frio
e eu contava o tempo nos rejuntes de calçada, barras de compasso
eu fiquei tanto tempo sem falar lábio fechado que quase esqueci a língua que eu falava
eu me perdia a todo quarteirão e as avenidas que eu passava eram todas a mesma
e eu me oferecia em cada cruzamento pros capôs de carro -
que estilhaçassem minha bacia em porrilhões de cacos;
eu queria quebrar todos os vasos e pratos
da porcelana monte sião: mas o céu ainda era azul mais claro
os ipês ainda tinham as inflorecências
e milhões de obeliscos cutucavam o céu, daonde eu nunca quis me jogar;
eu acho
(eu nunca acreditei na coragem)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

poema viking-defectivo na língua do estrangeiro

a galaxy a constellation nebulosa
black sandpaper.
canary islands; an andaluce film motion picture.
a woman whose lips velvet cloth futtons
ðþ-The Jewish population of Bohemia and Moravia, 118,000 according to the 1930 census, was virtually annihilated
whose skin is either honey or silk
iara who held my bleeding ankles and brought me under the river where time can't be for no watch watches track of any invisibility, transparent as the water is. i die my little deaths feliz.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

mês quatro

mar, marulho, mauro; vicente de carvalho -
desde quando o mês em que nascemos é mês de primavera e garça?
sorrir em flor? sorrir em mato e capim molhado
em folha seca decompondo...

abril fechava a cara e o céu pelos outeiros dedicados à sta catarina
nadando no clarão cego do dia nublado, desenrolava a primavera de outro;
e as leves garças, pousadas nos encanamentos dos canais,
catavam traíra dos rios artificiais.
pousar o vôo no teto de um fiat estacionado no canal três...

...canção de amor que eu canto e ninguém entende, porque o tietê vai desaguar no prata, e porque o tejo molha os meus pés... de balde! longe é o céu;

aos baldes me apresso. mar quem te vê batendo - os tristes metais pesados escorridos dos navios chineses. mercúrio chumbo dentre outros poluentes.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

JUBELN ALLE!

o barulho do universo inteiro mal cabe aqui, transcrito.
eu deixo o barulho do universo inteiro ser a poesia, eu silencio.

três linhas tortas de uma mulher que imita
uma outra poetisa morta.

três por três por torta, um cubo de escher pela metade.
alto. borda

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

jubeln alle!

freude, freude! dies ist eine deutsche nacht;

die wolken, orange wursten
oh oh oh

sábado, 6 de novembro de 2010

canções de exílio

eu não queria morar um ano em lugar nenhum

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

canções de exílio

eu aqui comendo brie
mas o que eu mais queria era nadar numa piscina de minas frescal.